domingo, 18 de julho de 2010

A invenção do guardanapo - Leonardo da Vinci


Os primeiros antepassados do guardanapo surgiram no século XI, quando ainda não se usava talheres nas refeições. Para limpar as mãos, sujas de comida, recorria-se a pelos de animais vivos (sobretudo coelhos e cães, amarrados nas cadeiras) ou ao cabelo dos escravos. Depois vieram as toalhas, sempre bem compridas e derramadas no colo dos comensais, servindo também para limpar a gordura de mãos e bocas.


Mestre Leonardo, um belo dia, anotou sob o título "Uma alternativa às toalhas de mesa sujas", no seu caderno de notas de cozinha (Codex Romanoff): "Inspecionando as toalhas de mesa do Senhor Ludovico, meu Amo, depois de seus comensais terem abandonado a sala do repasto, deparou-se-me uma cena de caos e depravação tais (semelhante ao rescaldo de uma batalha) que considero prioridade, antes de qualquer cavalo ou retábulo, encontrar alternativa. Já disponho de uma. Creio que deveria ser dado a cada um dos convidados um pedaço de pano individual que, depois de sujo pelas mãos e pelas facas, poderia ser dobrado, de forma que não conspurcasse a aparência da mesa com suas imundices".
Pietro Alemanni, embaixador de Florença em Milão (à época ainda não existia a Itália, que nasceu como país entre 1859 e 1870), menciona essa invenção em um de seus relatórios (julho de 1491): "Ontem à noite Mestre Leonardo apresentou à mesa solução para o problema, consistindo em pano individual colocado diante de cada conviva, o qual deveria ser ensujentado no lugar da toalha de mesa". Só que não foi fácil convencer a nobreza das conveniências no uso desse pano, como atesta o mesmo Alemanni: "Para sua grande perturbação, ninguém achou modo de o utilizar ou soube o que fazer com ele. Alguns foram ao ponto de se lhe sentar em cima. Outros assoaram-se nele. Outros, ainda, serviram-se dele para o atirarem em tom de brincadeira a outros comensais. Mas houve também quem o utilizasse para envolver os víveres e a ocultar na bolsa ou no bolso. Mestre Leonardo confiou-me a sua angustia de que o invento nunca chegasse a ter aceitação".
                    
* Retábulo é o nome dado ao painel de madeira ou pedra que domina o altar de uma igreja e que é esculpido ou pintado e ricamente decorado.


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